Maternidade Atípica: Vivências e Direitos dos Autistas em Foco

A maternidade é, por si só, uma experiência transformadora. Quando falamos de maternidade atípica, especialmente no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa transformação ganha novos contornos, recheados de desafios, aprendizados e, sobretudo, vitórias que nem sempre são visíveis aos olhos alheios. Neste artigo, vou compartilhar um pouco sobre o que é viver a maternidade atípica e destacar a importância de conhecer os direitos das pessoas com TEA para garantir um futuro mais inclusivo.

5/8/20243 min read

A young child is seated at a dining table, engaged in an art project. She is painting on a large cardboard box with various colors. The table is scattered with watercolor paints, a palette, and sheets of paper with drawings. In the background, there is a window with a roller blind, a vase with flowers, and decorative elephant figurines.A young child is seated at a dining table, engaged in an art project. She is painting on a large cardboard box with various colors. The table is scattered with watercolor paints, a palette, and sheets of paper with drawings. In the background, there is a window with a roller blind, a vase with flowers, and decorative elephant figurines.

O que é a maternidade atípica?

A maternidade atípica é aquela que foge dos padrões tradicionais e inclui a vivência com filhos que possuem condições especiais, como o autismo. Como mãe de uma criança diagnosticada com TEA nível 2 de suporte, posso afirmar que cada dia é uma oportunidade única de aprendizado.

Ser mãe atípica significa adaptar-se a uma rotina que muitas vezes desafia o que a sociedade entende como "normal". É lidar com olhares curiosos durante uma crise em público, explicar para amigos e familiares por que algumas brincadeiras ou ambientes são desconfortáveis para o seu filho, e celebrar cada conquista, por menor que ela pareça para os outros.

Vivências diárias: desafios e conquistas

Um dos maiores desafios da maternidade atípica é compreender e atender às necessidades do seu filho. No caso do TEA, cada criança tem suas especificidades, mas algumas características são comuns, como dificuldades de comunicação, sensibilidades sensoriais e comportamentos repetitivos.

No meu caso, um momento que marcou minha jornada foi aprender a transformar crises em oportunidades de aprendizado. Por exemplo, minha filha costumava ter crises intensas ao ouvir sons altos, como o aspirador de pó. Com paciência e estratégias, como o uso de fones abafadores de ruído e exposição gradual ao som, conseguimos reduzir sua sensibilidade a esse estímulo. Hoje, ela consegue ficar confortável em ambientes que antes eram insuportáveis para ela.

Outro ponto de destaque é o papel da família e da comunidade no processo de inclusão. A participação ativa em brincadeiras adaptadas, a busca por profissionais capacitados e o apoio de outras famílias que vivem situações semelhantes fazem toda a diferença.

Direitos dos autistas: um guia essencial para famílias

Conhecer os direitos das pessoas com TEA é essencial para garantir acesso a recursos e serviços que promovam seu desenvolvimento e bem-estar. No Brasil, algumas leis e políticas públicas foram criadas para proteger esses direitos, mas é fundamental que as famílias estejam informadas para que possam exigir seu cumprimento.

Lei 12.764/2012 – A Lei Berenice Piana

Essa é uma das leis mais importantes no contexto do autismo. Ela estabelece os direitos das pessoas com TEA, garantindo acesso à saúde, educação, assistência social e outros serviços essenciais. Além disso, reconhece o autismo como uma condição que dá direito a atendimento prioritário.

Educação inclusiva

Toda criança com autismo tem direito à educação inclusiva, seja em escolas regulares ou em escolas especializadas, dependendo das necessidades individuais. A presença de mediadores ou professores auxiliares é um recurso fundamental para garantir uma experiência educativa positiva.

Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CIPTEA)

A CIPTEA é um documento que facilita o acesso a serviços e direitos garantidos por lei, como atendimento prioritário em estabelecimentos públicos e privados. Sua emissão é simples e pode ser feita em muitos estados do Brasil.

Isenções e benefícios fiscais

Pessoas com autismo têm direito a isenção de impostos em alguns casos, como na compra de veículos adaptados. Além disso, famílias podem solicitar o Benefício de Prestação Continuada (BPC) caso atendam aos requisitos de renda.

Como a informação transforma vidas

A informação é uma ferramenta poderosa na luta por direitos e inclusão. Muitos dos benefícios garantidos por lei só são acessados quando as famílias sabem o que buscar e onde buscar. Por isso, é fundamental que mães, pais e cuidadores estejam sempre atualizados e compartilhem suas descobertas com outras famílias.

No meu caso, foi através de grupos de apoio e informações em blogs e redes sociais que aprendi sobre as possibilidades de terapias, atividades adaptadas e recursos públicos que ajudaram minha filha a progredir. Essa troca de experiências é uma das razões pelas quais decidi criar este espaço.

Conclusão: Uma jornada de amor e empatia

A maternidade atípica é uma jornada singular, marcada por desafios diários e conquistas que merecem ser celebradas. Ao compartilhar vivências e destacar os direitos das pessoas com TEA, espero inspirar outras famílias a enfrentarem suas próprias jornadas com coragem e esperança.

Se você é mãe, pai ou cuidador de uma criança com autismo, lembre-se de que você não está sozinho. Juntos, podemos construir um mundo mais inclusivo e acolhedor, onde nossas crianças possam prosperar e ser plenamente aceitas por quem são.

A maternidade atípica não é apenas sobre superar desafios, mas também sobre encontrar alegria nas pequenas vitórias e celebrar a singularidade de cada criança. Que este espaço seja uma fonte de apoio, informação e empatia para todos que vivem essa realidade.